CORTES PRECISO, SURDO DE TERCEIRA

Baquetas que parecem que flutuam seja livre ou em desenhos ritmados, olhos vibrantes no coro e nas passagens “breques, bossa”, não importa muito o nome que é usado, mas eles está ali preciso entre o surdo de primeira e o surdo de segunda, está ele destacando se no meio da batucada, adivinha de quem estamos falando? Alguns anos atrás ele era chamado de “CENTRALIZADOR”, REBOLO”, sim estamos falando daquele instrumento ostentado por muitos “SURDO DE TERCEIRA”, chegou sua vez.

O surdo de terceira possui diâmetro de cerca de 40 cm a 45 cm e toca um ritmo mais complicado, preenchendo os tempos marcados pelos outros dois surdos de primeira e surdo de segunda citados anteriormente em outra matéria. A combinação dos três surdos fornece a célula rítmica de base para toda a Escola de Samba.

O surdo de terceira foi inventado por “Sebastião Esteves”, mais conhecido como “Tião Miquimba”, discípulo de Mestre André (in memória), na bateria da Mocidade Independente de Padre Miguel. O surdo de terceira tem 16 polegadas de 40 cm e 45cm.

“É que, certa noite, contam, os surdos de pergunta e resposta não estavam presentes em um ensaio da bateria”, Miquimba então pegou um surdo e começou a tentar marcar o compasso binário dos surdos de pergunta e resposta. Mas, ao mesmo tempo, segue Simas, a intercalar batidas entre um tempo e outro. Mestre André gostou. E mandou fazer um surdo mais e menor do que os tradicionais. “O novo instrumento passaria a desenhar batidas inusitadas entre as marcações regulares”, completa Simas. É o surdo de terceira e de acordo com a origem brasileira, “Bide”, fez a invenção, que viria a revolucionar as apresentações das Escolas de samba, utilizando latão de manteiga, aros e pele de cabrito.

O instrumento estreou no CARNAVAL CARIOCA em 1928, no desfile da Deixa Falar, uma das primeiras Escolas de Samba brasileira, sua invenção evoluiu e hoje é feito podemos encontrar o “surdo de terceira”, de madeira ou metal, um tambor cilíndrico de som grave, sendo tradicionalmente usado em Escolas de Samba. Cada escola possui em média de 25 a 35 unidades na sua bateria, lembrando novamente que tudo depende da formação que o Mestre de Bateria determinar, sua principal função é a marcação do tempo como os demais surdos como: surdo de primeira e surdo de segunda.

EXISTE BATERIA SEM SURDO DE TERCEIRA?

É sabido que não existe NENHUMA Bateria de Escola de Samba sem nenhum dos “SURDO”, e os demais instrumentos obrigatórios e fundamentais para uma bateria, mas como estamos falando “SURDO DO TERCEIRA”, vamos focar nele e sua importância do surdo de terceira é muito importante assim como todos os outros naipes dentro de uma bateria, mas ele é um diferencial quanto bem tocado, afinado e ritmado.

SURDO DE TERCEIRA E SEUS DIFERENCIAIS

Além das Escolas de Samba, o “Surdo de Terceira”, como os demais surdos podem ser encontrados em Bandas Marciais ou Militares e geralmente são utilizados para marcar o pulso binário da marcha, em conjunto com o bumbo e a caixa. além de torcidas organizadas, onde eles ditam o ritmo e são considerados o “coração” da torcida. O nome surdo pode designar também o tom-tom mais grave de uma bateria, o floor tom, que geralmente fica apoiado sobre pés próprios, ao lado do baterista.

Em bandas militares, o surdo possui tamanho pequeno, no máximo 50 cm, sendo tocado com duas baquetas, em geral tocando o primeiro e segundo tempo do padrão binário, ou células rítmicas pouco complexas. Já em grupos de samba-reggae, como a Timbalada ou o Olodum, típicos do carnaval baiano, os papéis do primeiro e segundo surdo são invertidos, o primeiro tocando o tempo 1 e o segundo tocando o segundo tempo. Nestes grupos, o terceiro é tocado com duas baquetas. Falando dos grupos de pagode, roda por exemplo o surdo tem pedestal de madeira tocando com baqueta ao invés de maceta, enfim ele é comparado com as batidas do “CORAÇAO”, ele pulsa fortemente no peito quando estamos envolvidos com a batucada, ele emociona e hipnotiza à todos quando sobe o ritmo.

Um dia perguntaram existe uma bateria que utiliza surdo de terceira batendo como surdo de segunda, é possível? Confesso que não sei, mas tradição é tradição e um dos grandes exemplos dentro da história do carnaval é a famosa Bateria Surdo Um assim apelidada a “Bateria da Estação Mangueira”, tem batida tradicional é um patrimônio histórico sempre foi um diferencial do nosso carnaval.

INSTRUMENTO NÃO TEM SEXO

Todo instrumento é unissex todos podem tocar hoje as MULHERES vem dominando muito aí dentro das baterias de Escola de Samba tanto aqui em São Paulo como no Rio de Janeiro, vou citar Taís (Unidos da Tijuca) um baita talento, temos muitas por meninas aqui que tocam muito e tiram onda entendeu, relata Mestre Magga.

Eita agora temos a polêmica entre tocar surdo de terceira desenhada e tocar terceira livre, vixi (risos) isso divide demais opiniões entre batuqueiros e ritmistas – em meados da de 70/80/90 podíamos observar batidas livres atualmente existe baterias com diversos desenhos criados para cada batucada e suas direções de baterias. Lembrando que tudo precisa de sincronia e sonoridade todos tocando na mesma intensidade dentro de uma bateria. Alô, Patricinho (in memória) “Bateria Furiosa”, assim apelidada a Bateria da Escola de Samba Camisa Verde e Branco um dos melhores que eu já vi tocando até hoje.

Na atualidade podemos citar grande trabalho do Mestre Tadeu e do Mestre Beto”, da Escola de Samba Vai Vai que tem o seu o seu “Surdo de Corte”, (surdo de terceira) livre e vamos combinar é lindo, tradição é tradição e precisa ser respeitada em suma cada bateria tem seu estilo, tem sua direção e sua característica indiferente de qual estilo todas as terceiras vem mordendo e mostrando para que veio em junção com os outros instrumentos.

Eu já ouvi muito como surdo de corte ou surdo de terceira por tantas avenidas e acredito que para você ser um bom “Tocador de Surdo”, até mesmo qualquer outro naipe depende muito de sua força de vontade, foco, determinação, vontade de querer aprender, ensaio para que lá na frente ainda continuamos poder defender essa bandeira não deixando a peteca cair, enfim “Não deixa o samba morrer”, diz, Thiago de Aquino.

Como tocar Surdo?

O surdo de terceira como os outros dois citados acima, é tocado com uma baqueta em uma mão e com os dedos e a palma da outra mão. Enquanto uma mão toca o tambor com a baqueta, a outra abafa ou toca ritmos de suporte em torno do pulso principal. O instrumento é fixado ao ombro pelo talabarte e posicionado para que a pele superior fique aproximadamente na horizontal.

PAPEL DOS SURDOS NA BATUCADA

Os Surdos marcam o tempo forte e o tempo fraco do samba, sendo um dos instrumentos principais na composição do conjunto musical e avaliado pelos jurados juntamente com outros instrumentos.

O cortador mais conhecido como surdo de terceira ou até dão o balanço na bateria e toca em um ritmo mais complicado, preenchendo os tempos marcados pelos outros dois surdos citados anteriormente. A combinação dos três surdos fornece a célula rítmica de base para toda a Escola de Samba.

Adaptação: Luís Antônio Simas

Fonte: Thiago de Aquino Magalhães – Mestre de Bateria do Grêmio Recreativo Cultural e Esportivo Escola de Samba Boêmios

Meus agradecimentos aos referentes citados acima, parabéns ao ritmistas que tocam “Surdo de Terceira”, nosso muito obrigada.

Tânia Moreira

Colunista de Bateria

Recordar é Viver