GÜIRA NA BATERIA, PODE? PODE SIM


Conhecida como um instrumento um de percussão da família dos idiofones típico da República Dominicana mas também é encontrado na região do Panamá – güira é um instrumento verdadeiramente popular na nação dominicana, ocupando um lugar importante em seu patrimônio cultural, ela é prima do güiro que também é um instrumento de percussivo que consiste em uma cabaça oca, aberta com paralelos cortados em um lado, ela tem o som acústico. É tocado esfregando uma vara ao longo das ranhuras de madeira para produzir um som de catraca mas com o passar do tempo foi desenvolvido um instrumento mais alto sabendo se que o güiro era bem mais acústico utilizado nas bachatas e merengues, então foi ai que nasceu a güira.
Como na época eles não tinham recursos e nem o material acessível resolveram produzir a güira com latas de óleo mais ou menos parecidas com as latas de tintas de 18 litros que utilizamos aqui no Brasil – então eles improvisavam e faziam tudo manualmente pegavam a lata, abriram e usufruíam especificadamente da “chapa” , e com uma pedras pontiaguda eles faziam perfurações similares ao ralador e depois fechavam essa lata em formato de cones e para produzir o som pegavam garfo de cabelo e esfregavam para frente e para trás enquanto seguravam esse cone com uma das mãos.
Depois com o passar dos anos foram surgindo as adaptações eles os como alças, pentes metálicos, substituições das latas para o material de inox etc e com isso o som foi se modificando, ficando cada vez mais alto. Por exemplo vou citar um instrumento acústico como o tamborim com pele animal (couro) ele é mais baixo que o tamborim com náilon, foi assim que aconteceu com o güiro e a güira.
A güira é pode ser utilizada em diversos ritmos musicais, mas antigamente era usada em ritmos dominicanos como: rumba, salsa, assim como guiro é introduzido aqui no Brasil foi adaptado no sertanejo, sofrencia, no axé, no sambaduro, samba, pagode e até na batucada.
Em falar nisso, vamos citar a “Barcelona do Samba”, assim apelidada carinhosamente a Bateria da Escola Império de Casa Verde que foi a percussora (pioneira) em introduzir o naipe de güira em sua bateria no ano de 2010 sob o comando do Diretor Teco Martins.
O surgimento da ideia partiu de um Diretor da agremiação que observou o músico Teco Martins que tocava na ocasião com o Grupo Quesito Melodia em um show na quadra da Dragões da Real e constatou o Mestre Zoinho referente a introdução do instrumento na Barcelona para auxiliar, dar base ao naipe de chocalho e principalmente sustentabilidade para bateria antes da virada de dois, tinha toda uma estratégia; “Era realizada uma pausa e depois uma outra virada de dois, mais uma pausa ai vinha a retomada e ai vinha a subia do samba, era assim que rolava o desenvolvimento junto ao chocalho”, relata o diretor.
“Foi aí que a Bateria da Império parou de ser penalizada no naipe de chocalho, a guira ajudou demais fora que o suingue na bateria, ficou muito legal e lá para cá nós mantemos até o ano de 2022 foi um ciclo glorioso, éramos seis e fazíamos muito barulho”, comenta Teco.

Como relatou o Diretor na época o naipe de güira não era julgado, mas vinha no contexto da bateria – até mesmo com o tempo surgiram novas regras dentro do carnaval referente ao quesito bateria. É importante lembrar que toda mudança é muito bem-vinda, mas o naipe de güira segundo Teco, foi diminuindo.
“O naipe de guira vinha em número menor na bateria (seis) eu como Diretor percebi que os chocalhos começaram fazer desenhos eu tive a preocupação de fazer as pausas que os chocalhos faziam para os jurados não entenderem que essa frequência aguda não era do chocalho”. “No caso não podia ter erro da güira, não podíamos passar direto para não ocorrer interpretações erronias por que os jurados poderiam entender que o erro era o chocalho, então eu me atentava muito a esse detalhe sempre conversávamos sobre esse assunto na bateria”. “Eu acredito que precisa tomar muito cuidado para introduzir a güira, em minha opinião ela funciona melhor nas frequências graves em principal com os surdos de terceira e não na nas frequências aguda lá com chocalho, tamborim e cuíca”, comenta o músico.
Atualmente o naipe de güira não faz mais parte da Bateria da Império de Casa Verde, mas em contra partida o naipe de CHOCALHO vem dando show na avenida. “A Ala de Chocalho da Barcelona do Samba é a MELHOR de São Paulo, inclusive gostaria de parabenizar o Welitão por todo empenho”, relata Teco.
Teco Martins vem fazendo a largada no dia do Desfile (2023) e ajudando os meninos (Diretores) no meio da bateria e tocando sua guira. Segundo Teco, o naipe de güira foi um ciclo inovador, maravilhoso que se encerrou na Barcelona e assim ele segue lado a lado do Mestre Zoinho, ajudando no que ele precisar.
Lembrando meus queridos que a güira ainda é um instrumento muito caro por aqui, custa mais ou menos entre 400/500 reais é possível conseguir em sites fora do país por um precinho mais em conta, mas ainda fica muito acessível, mas não podemos deixar de apreciar esse instrumento belíssimo de grande cultura e aprendizado no cenário musical. E vamos torcer para que o Teco Martins possa um dia criar uma escolinha de Bateria de güira por aqui. Espero que tenham gostado de mais uma curiosidade de instrumento de uma bateria.
Fonte: Teco Martins

Tânia Moreira
Colunista de Bateria
Recordar é Viver

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