REFERÊNCIA NA BATUCADA TEM NOME “SURDO DE PRIMEIRA”

Hoje vamos falar dele!!!!! Surdo de Primeira, um dos instrumentos mais importantes dentro de uma Bateria de Escola de Samba e também nas Rodas de Samba, alias onde ele está presente ele se faz presente.

Ele é responsável pela marcação, dita o tempo (equilibra) o compasso do samba ou da bateria. Resumidamente falando de bateria o “SURDO”, foi criado pelo músico, compositor Bide, inserido no carnaval carioca no ano de 1928 no Desfile da Escola de Samba “Deixa Falar”, então fica bem claro que nenhum instrumento foi introduzido nas batucadas e nas rodas de samba de forma aleatória, tudo tem seu significado, seu fundamento e seu por que nada vive solto no universo, tudo envolve planejamentos e objetivos.

Seu funcionamento é imenso mas como estamos falando de bateria podemos dizer que ele funciona como referência – o pulso para todos os ritmistas sem contar que é considerado o instrumento mais grave dentro da bateria, seu tamanho pode variar entre 40 cm e 75 cm – lembrando que os surdos de samba possuem uma profundidade típica de 60 cm já no samba reggae são menos profundos (50 cm) sua composição é definida por um corpo que pode ser cilíndrico de metal, alumínio, madeira, composto por duas peles, couro animal (Cabra ou Boi) ou sintético, fixados por dois aros e tensionados pelas porcas rosqueadas nos varões.

Agora falar sobre o peso aí é muito relativo por que tocar qualquer instrumento requer treino, habilidade e persistência, para alguns realmente é um instrumento pesado para outros nem tanto e também existem aqueles que adrenalina é tanta que nem sentem o peso, somente a leveza e o prazer de estar ali tocando diante de seu pavilhão, de sua comunidade e fazendo acontecer o maior espetáculo da terra, enfim hoje vou contar com o relato de Donatello de Carvalho– ritmista da Bateria com Identidade – Sociedade Rosas de Ouro para entender melhor a funcionalidade do SURDO DE PRIMEIRA.

“Em minha opinião referente ao peso (risos) na quadra começa e termina a baixo de 10kg (risos) agora na avenida, piso na faixa do amarela sem peso nenhum, e termino o Desfile com a impressão de ter carregando mais de 50kg no ombro. Fora a sensação de ter emagrecido durante o desfile”, assim conta o ritmista.

Muito se fala nas rodas de conversas relacionadas ao carnaval e seu vasto universo o que os Mestre de Bateria e sua Diretoria fazem para proteger os instrumentos nos dias ensaios técnicos e desfiles e vem aquela surpresinha do mês de janeiro a CHUVA!!!!!! É sabido que os instrumentos não protegidos em dias chuvosos sofrem algumas modificações em relação afinação entre tantas outras coisas, mas quem convive nos esplendorosos bastidores das baterias sabe bem o que precisa ser feito para a batucada sair, mas isso é um outro assunto que uma hora dessas vamos abordar aqui, ok pessoal!!!!!

Aliás afinação, é um assunto muito polêmico que eu prefiro nem adentrar nesse momento (risos) mas é preciso dizer que cada bateria tem a sua afinação específica definida por sua Diretoria de Bateria, assim como o “SURDO DE PRIMEIRA”, mas existe sim uma breve sugestão do amigo Donatello “O surdo de primeira seja o mais grave possível, e a linha de surdo a mais grave entre os naipes, dando o peso e sustentação para a bateria”.

Devido a nossa cultura que é muito rica e extensa podemos utilizar o surdo nas Rodas de Samba, Bandas de Axé, Escolas de Samba, entre outros é o que muda é em relação a afinação, a inversão do tempo mais forte na 2° com o surdo mais grave, muitas bandas utilizam surdos compactos, pele sintética, a depende muito da banda né e de sua utilização. Já na Roda de Samba a diferença é que o surdo pode ser de 16, 18, 20, 22 polegadas com tripé (fixado com pés) enfim tem muito improviso espalhados por ai mas nas baterias ele vem suspenso pelo talabarte bem posicionado no ritmista para dar mais conforto e execução dos movimentos na hora de tocar.

Perguntei para o Donatello o por que tem baterias que tocam com afinação mais baixa/mais alta, mais solta ou mais apertada nos surdos de primeira?

Então explicou resumidamente que varia muito de Mestre para Mestre, é bem uma questão de gosto, porém existem algumas baterias que preservam sua ancestralidade. Ele declara alguns exemplos como; “Nenê de Vila Matilde que independente de quem seja o Mestre à frente da bateria sempre manteve uma afinação baixa. Já minha Escola ” Rosas de Ouro” é um exemplo, sempre foi uma bateria pesada de afinação baixa e na passagem do Mestre Tornado, inclusive (um abração para Senhor), houve a mudança para uma afinação mais alta, sofrendo claro uma certa resistência da nossa parte, mas no final entendemos a proposta e aceitamos o projeto, fomos campeões em 2010”. “Quando o Mestre Rafa assumiu em seguida ele resgatou toda essa questão de ancestralidade baixando a afinação dentro de um novo conceito e o resultado veio, e vem mostrando um excelente trabalho ao longo desses anos”, explana o sambista.

O surdo de primeira pode ser utilizado em uma bateria como surdo de segunda ou terceira? Por quê?

“Com afinação invertida, sendo a 1° mais alta que o surdo de segunda a só a Bateria da Mocidade independente de Padre Miguel em minha opinião a batida da caixa favorece o 2° tempo mais forte”, agora no caso do surdo de terceira é impossível”, cita Donatello.

Outra curiosidade de quem toca surdo é o tamanho das baquetas atualmente não tem muito padrão e nem tamanho é conforme o gosto e o conforto do ritmista. Antigamente eram fabricadas pelos batuqueiros em sua própria quadra, sabe aquela famosa manutenção dos instrumentos, ainda muito bem vindas nas baterias, então só eram confeccionados dois tamanhos para 1° e 2° e as menores para 3°, com tiras de espumas e tecido de toalha.

Rememorando que o surdo é tão importante como todos os instrumentos dentro de uma bateria, eles se completam, um depende do outro, porém é um instrumento relevante pela sua responsabilidade da sustentação, do andamento. Ele é o metrônomo, o relógio da bateria!

Quando sobe o samba e o ritmista da a primeira baquetada nada mais é como era antes, o ritmo toca os corações dos apaixonados e emocionados por carnaval

Enfim hoje falamos de mais um instrumento e suas curiosidades deixo aqui meu muito obrigado aos seguidores.

“A todos os seguidores e amigos do samba em especial minha amiga Tânia Moreira, que mais uma vez está me proporcionando esse prazer de vos falar. Muito obrigado”, Donatello de Carvalho

Tânia Moreira

Colunista de Bateria

Recordar é Viver

Please follow and like us:
Pin Share

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

YouTube
Instagram